Arquitectar o roupeiro

Havia já algum tempo que andava descontente com o meu roupeiro...
Estava sempre atulhado, mas a roupa que tinha para vestir efectivamente parecia ser uma gota na infinidade de peças de vestuário que compunham o meu guarda-roupa.

Comecei a ter alguma dificuldade em diversificar o que usava no dia-a-dia e parecia-me que andava sempre com a mesma roupa...

Até um dia em que li algures num blog de costura o termo «Capsule Wardrobe» (guarda-roupa cápsula)... fiz uma busca e tropecei num conceito chamado de «Wardrobe Architect» (Arquitecto de Guarda-Roupa), cujo objectivo é simplificar o nosso guarda-roupa num mundo caracterizado pela chamada fast fashion, ou "moda de plástico" (um pouco como a fast food é comida de plástico...) e pelo consumo excessivo.
Estes dois conceitos, apesar de terem origens diferentes, funcionam muito bem em conjunto e servem o mesmo propósito, a meu ver.

Não que me considere uma grande consumista ou que ache que gasto demasiado dinheiro em roupa... mas senti que precisava de ter um guarda-roupa coerente, com o qual eu me identificasse e de preferência não muito grande (menos roupa = menos trabalho a lavar, a dobrar, arrumar, engomar + menos espaço necessário em roupeiros).
Comecei por ler todos os artigos relacionados com o processo do wardrobe architect para compreender como funcionava e fui registando na folha de trabalho que orienta o processo.

Depois de ter lido tudo, passei à acção!

E que acção!...
Eu que sempre me considerei mais acumuladora do que minimalista... invariavelmente por razões puramente sentimentais (sou daquelas pessoas que gosta de guardar para mais tarde recordar ou porque uma determinada peça me traz a recordação x ou y), mas com o passar dos anos (estou mesmo a ficar cota...) costumo ter dificuldade nestas coisas que envolvem "destralhar" ou livrar-me de coisas.

Mas decidi fazer a coisa sem dó nem piedade, sem apelo nem agravo. Se era para fazer, tinha que ser assim!

Comecei por esvaziar o meu roupeiro e a todas as gavetas que tinham roupa minha e pus tudo em monte em cima da minha cama. A imagem chocou-me confesso... sabia que tinha bastante roupa, mas não tinha noção que fosse assim tanta...


E depois passei a pente fino, peça por peça. Vesti aquelas sobre as quais tinha dúvidas sobre se me serviam ou não, para confirmar. Outras vesti apenas para confirmar se ainda gostava de me ver com elas.
As que não serviam ou que não gostava de me ver foram removidas do meu guarda-roupa. As que ainda estavam em bom estado, juntei para doar e as que estavam muito usadas deitei fora.
Houve algumas que já não me serviam, mas eu continuo a gostar delas, e essas decidi guardar para "reciclar" em outras peças.
Como a frente desta t-shirt, por exemplo.


No final de tudo, voltei a guardar no roupeiro a roupa com que decidi ficar.



O meu guarda-roupa foi reduzido em pelo menos um terço, fiquei com cabides livres e espaço em algumas gavetas. Permitiu-me racionalizar e utilizar melhor o espaço de arrumação que tenho disponível.

Foi uma experiência muito libertadora, tenho que admitir!
Escolher a minha roupa tornou-se mais fácil.
Descobri que tenho peças que podem facilmente ser combinadas entre si e que eu nunca me tinha apercebido disso.
E permitiu-me planear melhor compras futuras (cada vez menos...) e principalmente, peças que quero costurar ou tricotar para mim. Permitiu-me ver o que me faz falta para completar algumas combinações de roupa, não só em termos de peças, mas ao nível de cores, de forma a ser coerente com o que já tenho e não ficar com peças desgarradas que depois não combinam com nada...

sim, eu faço muitos dos meus planos escrevendo na língua inglesa... não é snobismo... é mesmo como o meu cérebro funciona!
Ter simplificado o meu guarda-roupa ajudou-me a perder menos tempo a tomar decisões sobre "o que é que vou vestir hoje?" e ganhar tempo que antes despendia a lavar, dobrar, engomar e arrumar... e não me sentir tão assoberbada por esta "história interminável" da roupa...

6 comentários:

  1. simplificando.......... ADOREI este post ;)
    O que ainda gostei mais foi a foto como arrumás-te a gaveta.
    Ando sempre às turras com a arrumação de gavetas; meto tudo direito umas sobre as outras. Este método é fantástico...Não amarrota?
    Beijinhos :)

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    1. Obrigada Ana, ainda bem que foi útil :)

      Não amarrota, porque ficam todas "espalmadinhas" e até se auto-engomam ;)

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Assim que puderes lê algo sobre o método KonMari. Já li os dois livros editados em Portugal "Arrume a sua casa, arrume a sua vida" e "Alegria" e recomendo-os. Essa arrumação que indicas é o primeiro passo, a forma como juntaste a roupa, arrumaste as gavetas... é tudo dela. Agora podes passar para o passo seguinte, pois ão é só a roupa que precisa de ser vista. Beijinho

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    1. comprei o livro da Maria Kondo há já algum tempo e comecei a ler, mas abandonei.
      depois vi alguns vídeos dela e percebi pelo menos a parte da dobragem da roupa, e curiosamente o que eu já fazia antes não era assim tão diferente do que ela indica...

      mas sim, tenho que ler o livro no que diz respeito aos outros aspectos da casa ;)

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