Reeducação alimentar

Disclaimer: este não é um post sobre dietas!

Desde que fui mãe pela primeira vez, que comecei a lutar com questões de peso.
Quer dizer... antes disso, já tinha tido alguns problemas em relação a peso excessivo.
Nessa altura, procurei ajuda profissional e seguindo as suas indicações quase a 100% consegui ver resultados muito positivos.

Mas depois fui mãe e nunca mais voltei a conseguir voltar a entrar nos eixos. A sabedoria popular diz que amamentar um rapaz faz perder peso facilmente e voltar a ficar elegante... pois... eu amamentei dois rapazes durante 13 meses cada um e não perdi peso nenhum...

Três coisas que percebi quando fui acompanhada por médica nutricionista e que são muito importantes:
- o que comemos tem mesmo muita influência no nosso corpo e pode fazer com que ele emagreça ou engorde, com que sejamos saudáveis ou nem por isso... 
- temos que ter a mente focada no objectivo se queremos obter resultados. Se psicologicamente não estivermos empenhados em comer bem, não há força de vontade que resista!
- o número que a balança mostra nem sempre é fiável. O que diz a fita métrica é bastante mais realista.

Para terem uma noção, desde que engravidei do meu primeiro filho, em 2008, o peso tem ido sempre subindo, com algumas variações, a ponto de pesar actualmente praticamente mais 25 kg do que seria o aconselhável.

Nunca fui de me meter em dietas da moda, aliás, muito pelo contrário. Mas o facto de ter sido acompanhada por uma profissional fez-me perceber que o caminho passa por nos reeducarmos do ponto de vista alimentar. E isso para mim significa comer de forma saudável, equilibrada e variada. Evitar alimentos que não acrescentam valor nutricional nenhum e que no fundo só nos fazem mesmo é mal.

Quando fui acompanhada por profissional, o regime alimentar que ela me indicou era pasme-se... muito semelhante ao que a minha mãe praticava comigo quando era pequena. Daí não ter sido complicado seguir as suas indicações. Foi até como se regressasse à infância!

Desde 2009 que tenho procurado voltar a entrar no caminho certo, mas sem grande sucesso. Porque lá está, começava cheia de ímpeto, mas psicologicamente não estava empenhada o suficiente e por isso facilmente dava por mim a comer uma carbonara, cheia de gordura e sem qualquer legume que me desse vitaminas ou nutrientes adequados.

Depois do meu segundo filho nascer, as sucessivas noites mal dormidas tiveram o seu efeito ainda mais nocivo. Quanto pior dormimos, pior comemos ou queremos comer. É muito mais difícil resistir a tentações ou a comidas altamente calóricas.
A minha vida de mãe de dois filhos, sem qualquer sistema de apoio (leia-se avós e familiares próximos) e com um marido que trabalha por turnos essencialmente nocturnos, é sempre uma correria e com pouco ou nenhum tempo para praticar desporto ou fazer exercício físico.

E o peso excessivo começou a notar-se não só nas roupas cada vez mais justas (algumas deixaram mesmo de servir), no ressonar com mais intensidade e acordar bastante cansada, no cansaço ao subir um lanço de escadas dada a pouca resistência física e respiratória, mas começava a apresentar-se sobre a forma de outras "maleitas": dores nas articulações, na zona lombar (onde já tenho historial de problemas desde a adolescência) e no sistema digestivo, com sucessivos episódios de azia e refluxo gástrico.

Até ao dia em que "tomei consciência"! Mas tomei mesmo, porque eu já a tinha há muito... Foi o dia em que "mudei o chip"! O dia em que me vi ao espelho e me "vi" com olhos de ver e percebi que a minha figura não me agradava e que tinha que fazer algo para mudar!

 A questão da alimentação saudável sempre foi um assunto que me despertou a atenção. Ao longo dos anos fui lendo sobre essas matérias. Sobre vegetarianismo, veganismo, dieta paleo, a questão do glúten e mais recentemente um documentário da BBC sobre os efeitos nocivos do consumo excessivo de açúcar. E descobri, que como muitas pessoas, sou completamente viciada em açúcar!

O facto de ter lido bastante, de ter analisado várias perspectivas diferentes, algumas mesmo opostas, e já tendo tido uma experiência de acompanhamento médico, fez-me tomar a decisão de experimentar para ver por mim mesma, se notaria diferença caso retirasse alimentos com glúten e açúcar da minha alimentação diária.

Decidi fazer isso durante uma semana.
Criei um plano alimentar para mim mesma, onde não entrasse nem massas nem arroz (este não tem glúten), pão, bolos, croissants, sumos, bolachas, biscoitos etc. Passei a comer iogurtes naturais, fruta, frutos secos (em quantidade q.b., porque também não se pode abusar), passei a comer mais legumes, cozidos ou salteados e até mesmo em cru. Tentei igualmente reduzir as porções para quantidades indicadas (algo que aprendi com a minha nutricionista).

Durante 1 semana confeccionei todas as minhas refeições de forma a conseguir controlar o que comia e assegurar que não tinha glúten ou açúcar. Tenho que admitir que o único açúcar que continuei a consumir diariamente foi o meio pacote que ponho no café, porque simplesmente sou incapaz de o tomar simples.


Muni-me de alguns auxiliares, leia-se "marmita".



Esta reeducação alimentar coincidiu também com o início de aulas de exercício físico, que consegui encontrar mesmo ao lado do meu local de trabalho e finalmente num horário que eu mais ou menos consigo ir. Só vos posso dizer que no final do aquecimento eu já estava morta...

Achei que ia ser bastante difícil, que não ia conseguir levar o objectivo a bom porto, mas foi bem mais simples do que antecipara! Não me custou tanto como eu pensei, não passei fome nenhuma, não tive ataques de ansiedade de querer comer isto ou aquilo e encontrei com relativa facilidade acompanhamentos e outras opções em substituição da massa e do arroz.

Dei por mim progressivamente a sentir-me melhor comigo mesma. Não só por ser capaz de cumprir o meu objectivo, mas por me sentir com mais energia, menos cansada, menos dores de cabeça e principalmente passei a fazer digestões sem qualquer indício de azia ou refluxo.

No final da semana, tomei a decisão de manter o que vinha fazendo. Continuei a fazer planeamento das minhas refeições, um pouco como era prática minha, de forma a ser mais difícil fugir e enveredar por comer um prato completamente carregado de calorias. No entanto, passei a incluir refeições de carne ou peixe grelhado que posso fazer no refeitório da empresa onde trabalho, dispensando o arroz e as batatas fritas, e comendo em alternativa legumes cozidos ou salada, de forma a simplificar a minha vida em dias em que o tempo para confeccionar é mais escasso.

Após duas semanas perdi 2,5 kg mas perdi vários centímetros em volume, principalmente na zona do estômago (literalmente desinchei) e bóia abdominal.

As maiores dificuldades que encontrei foram:
- gerir a logística de cozinhar todas as refeições. Houve vezes em que estava a fazer o jantar do dia, e o almoço do dia seguinte e já a orientar o jantar do dia seguinte, o que nem sempre foi fácil, com duas crianças a exigir a minha atenção...Por isso, após a primeira semana passei a incluir no meu plano alimentar refeições de carne ou peixe grelhado que posso fazer no refeitório da empresa onde trabalho, dispensando sempre o arroz e as batatas fritas, e comendo em alternativa legumes cozidos ou salada, de forma a simplificar a minha vida em dias em que o tempo para confeccionar é mais escasso.

- ir a uma festa de anos com o meu filho mais novo e ter que recusar tudo o que me ofereciam da mesa de aniversário... foi difícil e complicado para mim perceber que naquela mesa tudo tinha ou glúten ou quilos de açúcar (e que é isso que as nossas crianças iam comer...).

Se vou passar a ser defensora acérrima do glúten free? Não. Decidi enveredar por aí, a título de experiência e vi algum benefício, mas não sou celíaca nem coisa que me valha e, se tiver que comer uma fatia de pão ou comer um prato de massa, não me vou fazer de rogada. Se puder evitar, evito. Nunca fui dada a fundamentalismos ou a regimes rígidos e não me vou pôr a tentar impor isso aos outros, porque não gosto que façam o mesmo comigo, e a ideia é variar e ser equilibrada nas escolhas que faço em termos alimentares. E isso passa, evidentemente, por comer um pouco de tudo, com conta peso e medida.

Quanto ao açúcar, é o meu calcanhar de Aquiles (porque sou uma gulosa inveterada!) e aqui tenho que reconhecer que tenho um vício e que o açúcar é mesmo uma espécie de veneno que vou tentar evitar ao máximo. E quando a ansiedade por doces ataca? Fácil, descobri duas receitas que não têm glúten e não levam qualquer açúcar e que se fazem em 20 minutos (5 m na liquidificadora e 15 m no forno) e que matam qualquer ansiedade e acima de tudo, são saudáveis.


7 comentários:

  1. Muito bem, Naná, estás de parabéns! Um grande esforço que está a valer a pena!
    Afinal prova-se que somos o que comemos. Sempre tive cuidados e acho que tenho uma alimentação saudável. Quantos aos açúcares, se estiver entretida nem me lembro de comer (o que também não é bom), mas prefiro o meu bolinho caseiro aos da pastelaria (nunca compro). Em relação ao glúten, não consigo passar sem massa ou sem arroz, mas não exagero... Tenho conseguido manter o meu peso, dizendo muitas vezes "não" às constantes solicitações. Felizmente nunca fui obesa, em criança/adolescente fui excessivamente magra e agora acho que estou bem (nem gora, nem magra). :)
    Beijinho grande, continuação de muita força!

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  2. Gostei de ler este teu post, estou cá para te ver.Presenciei no último encontro que resististe ao nosso tradicional bolito. Somos mesmo aquilo que comemos, mas estamos sempre a tempo de alterar, logo me dás umas dicas.
    Beijinho e até amanhã.

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  3. Gostei de ler este teu post, estou cá para te ver.Presenciei no último encontro que resististe ao nosso tradicional bolito. Somos mesmo aquilo que comemos, mas estamos sempre a tempo de alterar, logo me dás umas dicas.
    Beijinho e até amanhã.

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  4. Trabalho com uma fitoterapeuta e uma nutricionista diariamente, a tds os pacientes (a primeira) retira o gluten e o leite. e todos obtêm melhores resultados! eu sou incapaz de tirar certas coisas da minha dieta, já tentei mas é cm se costuma dizer, há coisas que só fazemos qd vemos o caso mal parado.

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  5. Amiga,
    O açúcar é também o meu vicio, sabes disso...estou contigo.
    Mas se reduzires e manteres a alimentação assim saudável, já vai ser fantástico!
    quando voltarmos a estar juntas, nem te vou reconhecer!!! e depois é que vai ser: de popota a popozudaaaaaaaa :)

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  6. Parabéns, Naná!
    Aqui em casa estamos, há 3 semanas, fechando a boca também. Apesar de bastante saudável as quantidades eram muito grandes então... Também precisamos eliminar cerca de 20kg cada um. Como a menopausa já passou emagrecer é mais difícil pois as articulações já não aguentam as atividades físicas...
    Mas com determinação e coragem vamos caminhando...
    Coragem aí para você!
    Beijinhos diet!
    Egléa

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  7. Parabéns Naná. Com algum esforço e dedicação conseguimos mudar. Eu tenho fases de grande gula e outras que me controlo com relativa facilidade. Neste momento, estou mesmo a pensar numa mudança porque os 45 chegaram e tornasse mais difícil reverter a situação. Existem alimentos que não consigo dispensar como o pão pela manhã e o café com leite. Para já diminuí a quantidade de leite.
    Beijinho e força

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